Não podemos
analisar o fazer
pedagógico de
uma instituição
somente pelo
que ela não tem
analisar o fazer
pedagógico de
uma instituição
somente pelo
que ela não tem
ANTONIO ESPERANÇA*
O Julinho tem problemas? Sim, tem e não são poucos: falta de professores, professores que faltam, problemas de infraestrutura, drogas, alunos cada vez mais sobrecarregados _ pois para o aluno da escola pública a necessidade de ganhar o pão começa mais cedo, entre outros. Mas talvez o maior problema enfrentado por nós, nesse primeiro ano de gestão, tenha sido a desmotivação.
Os trabalhadores em educação foram abandonados, faz tempo, por sucessivos governos e, ainda por cima, nos dois últimos anos, as escolas da Rede Pública Estadual se desorganizam na tentativa de implantar o novo Ensino Médio Politécnico. Esse novo modelo não está claro pra ninguém, e fica mais difícil implantá-lo sem diálogo e sem valorização de seus principais agentes: professores, funcionários e alunos.
Mesmo assim, ainda encontramos, dentro e fora do Julinho, professores e funcionários que superam esse descaso e fazem um trabalho digno e merecedor de elogios. Por exemplo, aqui no Julinho, após perceber algumas das dificuldades apresentadas por nossos alunos, decidimos priorizar a leitura, a escrita e a resolução de problemas _ sobretudo para nossos alunos do primeiro ano _ e, a partir do segundo ano, reservamos a pesquisa como princípio educativo. Eis a nossa proposta de Ensino Médio Politécnico. Entre erros e acertos, era uma tentativa. A partir de setembro de 2013, constituímos um grupo de estudos, multidisciplinar, com integrantes da nossa comunidade escolar, para pensar num novo caminho do Julinho para o ano que inicia. Essa nova proposta _ que pode contribuir para o debate sobre a nova reestruturação do Ensino Médio _ é fruto do trabalho árduo de uma coletividade que acaba sendo marginalizada pelas políticas públicas.
Cito esse exemplo por retratar um trabalho “invisível” que realizamos todo dia no interior da escola. Poderia citar outros, mais visíveis, como: trabalhos sobre “Consciência Negra”, apresentados em nossa Feira de Artes e Ciências e também em outras escolas; estudos sobre astronomia que resultaram na construção de lunetas e na observação de astros; pesquisa na disciplina de Geografia que recebeu prêmio de destaque no 8º Salão UFRGS/2013; incentivo à prática do Xadrez que fez um de nossos alunos, do Clube de Xadrez do Julinho, vencer o Circuito Metrópole de Xadrez Escolar; incentivo à produção de redações que também premiaram nossos alunos; equipes esportivas premiadas nos Jergs; grupo de reestruturação do CTG do Julinho, projeto “Gatos do Julinho”, cito ainda a sempre presente Fundação de Apoio ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos e a tradicional Banda Marcial Juliana. Além disso, o Julinho possui a riqueza de oferecer aos seus alunos três Línguas estrangeiras em sua grade curricular: Inglês, Espanhol e Francês (já pensou em aprender Francês fazendo crepes? No Julinho aconteceu) e, nas Artes, o aluno pode optar por Música, Teatro e Artes Plásticas que incluem Escultura em cerâmica ou pedra sabão, Gravura e Desenho.
Uma pena que as boas iniciativas do Julinho não tenham aparecido na reportagem de domingo 22/12 “O que ensina a turma 11F”. A Comunidade Juliana ficou triste por mostrarem somente o lado negativo da trajetória da turma. Mesmo que as mazelas sejam mais interessantes para quem vende notícia, não podemos analisar o fazer pedagógico de uma instituição somente pelo que ela não tem.
Mas, apesar de tudo, o que nos assustou foi a constatação do secretário de Educação. Pensar que aqueles problemas representam um fato isolado e que a culpa era nossa, ou seja: dos gestores, fez com que as atenções se voltassem para o Julinho (velho Julinho de sempre), sobretudo por manifestações de solidariedade que chegaram de vários recantos do Estado.
Ficamos todos indignados.
Ingenuamente eu esperava do governo uma mensagem do tipo “No que podemos ajudar?” ou, “Esses problemas existem, mas o Julinho não é só isso”. Acho que todos esperavam uma resposta assim. Mas o que veio foi uma sindicância.
Não temos medo dela, afinal, quem conhece a realidade de qualquer outra escola da Rede Pública Estadual, sabe dos problemas que enfrentamos todos os dias. Quem conhece o Julinho por dentro, sabe que tudo que estamos fazendo é lutar, dia e noite, com o pouco que temos, por um ensino de qualidade. Lutamos para que o Julinho seja o que é: um colégio referência para o Rio Grande do Sul. E, pelas mensagens de apoio que estamos recebendo, continuará sendo.
* Diretor do Colégio Estadual Júlio de Castilhos
Os trabalhadores em educação foram abandonados, faz tempo, por sucessivos governos e, ainda por cima, nos dois últimos anos, as escolas da Rede Pública Estadual se desorganizam na tentativa de implantar o novo Ensino Médio Politécnico. Esse novo modelo não está claro pra ninguém, e fica mais difícil implantá-lo sem diálogo e sem valorização de seus principais agentes: professores, funcionários e alunos.
Mesmo assim, ainda encontramos, dentro e fora do Julinho, professores e funcionários que superam esse descaso e fazem um trabalho digno e merecedor de elogios. Por exemplo, aqui no Julinho, após perceber algumas das dificuldades apresentadas por nossos alunos, decidimos priorizar a leitura, a escrita e a resolução de problemas _ sobretudo para nossos alunos do primeiro ano _ e, a partir do segundo ano, reservamos a pesquisa como princípio educativo. Eis a nossa proposta de Ensino Médio Politécnico. Entre erros e acertos, era uma tentativa. A partir de setembro de 2013, constituímos um grupo de estudos, multidisciplinar, com integrantes da nossa comunidade escolar, para pensar num novo caminho do Julinho para o ano que inicia. Essa nova proposta _ que pode contribuir para o debate sobre a nova reestruturação do Ensino Médio _ é fruto do trabalho árduo de uma coletividade que acaba sendo marginalizada pelas políticas públicas.
Cito esse exemplo por retratar um trabalho “invisível” que realizamos todo dia no interior da escola. Poderia citar outros, mais visíveis, como: trabalhos sobre “Consciência Negra”, apresentados em nossa Feira de Artes e Ciências e também em outras escolas; estudos sobre astronomia que resultaram na construção de lunetas e na observação de astros; pesquisa na disciplina de Geografia que recebeu prêmio de destaque no 8º Salão UFRGS/2013; incentivo à prática do Xadrez que fez um de nossos alunos, do Clube de Xadrez do Julinho, vencer o Circuito Metrópole de Xadrez Escolar; incentivo à produção de redações que também premiaram nossos alunos; equipes esportivas premiadas nos Jergs; grupo de reestruturação do CTG do Julinho, projeto “Gatos do Julinho”, cito ainda a sempre presente Fundação de Apoio ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos e a tradicional Banda Marcial Juliana. Além disso, o Julinho possui a riqueza de oferecer aos seus alunos três Línguas estrangeiras em sua grade curricular: Inglês, Espanhol e Francês (já pensou em aprender Francês fazendo crepes? No Julinho aconteceu) e, nas Artes, o aluno pode optar por Música, Teatro e Artes Plásticas que incluem Escultura em cerâmica ou pedra sabão, Gravura e Desenho.
Uma pena que as boas iniciativas do Julinho não tenham aparecido na reportagem de domingo 22/12 “O que ensina a turma 11F”. A Comunidade Juliana ficou triste por mostrarem somente o lado negativo da trajetória da turma. Mesmo que as mazelas sejam mais interessantes para quem vende notícia, não podemos analisar o fazer pedagógico de uma instituição somente pelo que ela não tem.
Mas, apesar de tudo, o que nos assustou foi a constatação do secretário de Educação. Pensar que aqueles problemas representam um fato isolado e que a culpa era nossa, ou seja: dos gestores, fez com que as atenções se voltassem para o Julinho (velho Julinho de sempre), sobretudo por manifestações de solidariedade que chegaram de vários recantos do Estado.
Ficamos todos indignados.
Ingenuamente eu esperava do governo uma mensagem do tipo “No que podemos ajudar?” ou, “Esses problemas existem, mas o Julinho não é só isso”. Acho que todos esperavam uma resposta assim. Mas o que veio foi uma sindicância.
Não temos medo dela, afinal, quem conhece a realidade de qualquer outra escola da Rede Pública Estadual, sabe dos problemas que enfrentamos todos os dias. Quem conhece o Julinho por dentro, sabe que tudo que estamos fazendo é lutar, dia e noite, com o pouco que temos, por um ensino de qualidade. Lutamos para que o Julinho seja o que é: um colégio referência para o Rio Grande do Sul. E, pelas mensagens de apoio que estamos recebendo, continuará sendo.
* Diretor do Colégio Estadual Júlio de Castilhos
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